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Tirar notas numa aula é uma parte intrínseca ao processo de aprendizagem. Antigamente, as notas eram tiradas à mão, mas novos dispositivos electrónicos como tablets, ou computadores – realmente portáteis – mudaram o modo como tiramos notas. Significa que aprendemos mais e melhor?

Tirar Notas

Uma aula contém diversos tipos de informação, ideias, conceitos e imagens. O objectivo da dinâmica da aula é o de usar esses conteúdos para aprender. Não sendo autómatos, ninguém tem uma memória fotográfica perfeita, logo, tirar notas durante uma aula é, simplesmente, essencial.

Com o maior acesso a computadores portáteis, mas sobretudo depois da entrada de tablets na sala de aula, o uso de dispositivos electrónicos para tirar notas aumentou exponencialmente. Existem diversas apps apropriadas para isso que conjugam a escrita com teclado, com a manual, possibilidade de gravar alguma coisa, tirar fotos e desenho livre (exemplos: Notability, Goodnotes). Mas o uso mais corrente é o de escrever com o teclado.

É eficiente usar o teclado para tirar notas?

Sem dúvida.

É mais rápido captar a informação, transcrevendo o que é dito ou escrito, e os estudantes que tiram notas com o computador possuem melhor desempenho se houver um teste no final da aula. Mas… o número de distracções é maior e a longo prazo, a capacidade de reter a informação e a processar é menor, levando a um pior desempenho nos exames.

Tirar notas à mão possui o efeito inverso e os diversos estudos feitos recentemente apontam para a importância deste método de trabalho em sala de aula para o processo de aprendizagem. Existem três vantagens essenciais em tirar notas à mão numa aula.

 

1. Processar a informação em vez de a transcrever

Como a velocidade de escrita à mão é inferior à velocidade de escrita com um teclado, na prática, és induzido a escrever o que interpretas daquilo que ouves e vês. Ou seja, processas a informação durante a aula e não somente mais tarde. Está demonstrado que este processamento da informação melhora a aprendizagem, permite compreender melhor novas ideias e conceitos, bem como melhora a capacidade de reter a informação.

 

2. Ajuda a focar

Para processar a informação, e escrevê-la nas notas que tiras, precisas de estar atento ao que ouves e vês. Precisas de estar focado. Ora, este é um aspecto essencial para aprender. Depois, aquilo que escreves acaba por ser mais selectivo, logo, a probabilidade de reteres em memória o que é essencial é maior.

 

3. Melhor capacidade cognitiva

Há quem argumente que tirar notas à mão quando a letra é má é contra-producente. Contudo, os estudos apontam para o oposto. Quando escreves à mão, o cérebro possui maior actividade do que se escreveres num teclado, transcrevendo. E se a actividade cerebral é maior, mais se desenvolvem as tuas capacidades cognitivas.

 

Ferramentas para tirar notas

Embora o caderno seja a mais económica, logo, a primeira e melhor ferramenta de tirar notas, existem actualmente algumas interessantes. Por exemplo, o InfiniteBook é um produto português em que podes tirar notas à mão, digitalizar (se quiseres) e apagar, pois usa canetas cuja tinta é solúvel em água.

Existe uma versão mais elaborada da Moleskine, mas é bastante cara.

Depois existem apps como a Nebo que reconhecem a tua letra e conseguem exportar o que escreves para um documento de computador que se pode partilhar. O problema é que está restrita ao iPad Pro com o Apple Pencil.

Começam também a surgir as chamadas canetas inteligentes (smart pens) que permitem escrever à mão e passar directamente o conteúdo para um formato electrónico que se pode partilhar com facilidade. Um modelo interessante é a IRIS Notes Air 3.

Com o desenvolvimento constante das apps, o mais importante não é a tecnologia, mas encontrar o melhor modo de a pôr ao serviço da tua aprendizagem.


Questão: que outras vantagens vês em tirar notas à mão?


Estudos recomendados:

  • Karin H. James, Laura Engelhart, “The effects of handwriting experience on functional brain development in pre-literate children”, Trends in Neuroscience and Education, vol. 1, pp. 32-42, 2012
  • Dung C. Bui, Joel Myerson, Sandra Hale, “Note-taking with computers: exploring alternative strategies for improved recall”, Journal of Educational Psychology, vol. 105, pp. 299-309, 2013
  • Dov Cohen, Emily Kim, Jacinto Tan, Mary-Ann Winkelmes, “A note-restructuring intervention increases students exam scores”, Collenge Teaching, vol. 61, pp. 95-99, 2013
  • Pam A. Mueller, Daniel M. Oppenheimer, “The pen is mightier than the keyboard: advantages of longhand over laptop note taking”, Psychological Science, pp. 1-10, 2014

Nota: Agradeço à Ana Franco a sugestão da IRIS Notes Air 3.