Há uma experiência que tenho feito com estudantes, mas que podia ser feita com qualquer pessoa. Imagina que te mostro um limão e pergunto o que sabes sobre isto. Podes pensar em diversas características como ser amarelo, ácido, faz bem à saúde, tem duas partes pontiagudas, contém vitamina C, etc.
Depois, imagina que te dou um limão para a mão e peço que em 2 minutos o conheças bem, constrói uma história com ele, ou dá-lhe nome se quiseres. Passado esse tempo, coloco o “teu” limão junto de outros, misturo todos, espalho por uma manta e peço-te para vires buscar o “teu” limão.
A experiência mostra que a maior parte das pessoas consegue identificar o seu limão. Se te perguntar como o reconheceste no meio de tantos outros, uns referem um vinco, outros umas manchas, a rugosidade da casca, uma ponta menos pontiaguda, duas pintas em sítios específicos, etc. Aliás, construir esta lista de características é mais rápido do que construir a primeira lista.
Tipos de conhecimento
Enquanto a primeira lista continha aquilo que conhecias sobre o limão, ou seja, um conhecimento mais teórico, a segunda lista continha o que conhecias proveniente da experiência que fizeste com um limão em particular. Ou seja, o que provém de um conhecimento mais prático.
A questão de conhecer não se coloca em termos de escolher a teoria, ou a prática, mas antes em fazer uma síntese de ambas. Precisamos sempre dos dois tipos de conhecimento, muito embora numas situações um seja mais realizável do que outro. Por exemplo, se estudo algo sobre um buraco negro, não é que possa fazer uma experiência concreta.
William James refere-se as estes dois tipos de conhecimento de uma maneira simples de compreender. Diz ele que,
“Se for a mesma experiência pura tida duas vezes, ora como pensamento e como coisa… como pode ser que os seus atributos difiram de modo tão fundamental nessas duas vezes? Como coisa, a experiência é estendida; como pensamento, não ocupa espaço ou lugar. Como coisa, é vermelha, dura, e pesada; mas quem ouviu alguma vez falar de um pensamento vermelho, duro e pesado?”
Ciclo de aprendizagem
Estes dois modos de conhecer levam-nos ao Ciclo de Aprendizagem, inspirado no trabalho de David Kolb no âmbito da Aprendizagem Experiencial, que podemos aplicar ao longo da nossa vida.
O primeiro passo consiste em fazer uma experiência concreta. Por exemplo, querer ter uma planta em casa e começar a cuidar dela.
Depois, importa observar e reflectir sobre essa experiência. Será que a água é suficiente? Qual a regularidade de rega para este tipo de planta? Quanta luz solar precisa para crescer?
O terceiro passo consiste em entrar no abstracto da observação feita e conceptualizar. Ou seja, procurar estudar a informação disponível sobre o melhor modo de assegurar que a planta não morre (normalmente, é esse o drama de muitas pessoas, certo?)
Por fim, segue-se o passo de agir e experimentar se os conceitos apreendidos funcionam, esperando que a planta possa crescer e dinamizar o espaço da nossa casa com a sua beleza… não morrendo.
Ao agir fazem-se novas experiências concretas e é por este motivo que a aprendizagem se torna um ciclo. Da próxima vez que estiveres perante um “não sei”, vê aí uma oportunidade de aprender algo de novo e desenvolver o teu espírito apreendedor. Tenta aplicar este ciclo de aprendizagem, de modo a perceberes melhor qual o teu estilo de aprender.