Li recentemente esta provocação de Seth Godin, ”a escola ensinou-nos a responder a uma simples questão – ‘isto vem no teste?’ – se a resposta for negativa, não temos tempo para isso.” Este princípio da natureza, incluindo a humana, de fazer o mínimo possível transporta-se também para os empregos. Sabemos que estamos sempre motivados para fazer o trabalho pelo qual nos pagam, por isso, é bom fazer o mínimo porque nos pedirão sempre para fazer mais alguma coisa.

estimular curiosidade

Diz ainda Godin que

”milhões de estudantes estão na universidade, muitos a contrair dívidas de milhares de dólares. Estão rodeados por enormes bibliotecas, acesso à internet de alta-velocidade e a pessoal qualificado, e mesmo assim, a dinâmica dominante continua a ser: qual o mínimo a fazer? Isto sai no exame?”

 

E no resto do mundo temos uma biblioteca incomensurável na ponta dos dedos, milhares de milhões de pessoas com quem podemos conectar e um ilimitado conjunto de problemas diante de nós que valem a pena resolver. Mas quantos são motivados por uma simples curiosidade, ou generosidade? Como se encaram hoje os desafios? Possibilidades ou riscos? E se aprendêssemos uma coisa nova por ser algo que está ao nosso alcance e não porque alguém nos disse que iria avaliar os nossos conhecimentos por aquilo que sabemos sobre isso?

Se na universidade lutas apenas pelo mínimo, há algo essencial que te passa ao lado: a possibilidade de desenvolver uma mente curiosa.

A curiosidade é mais do que mero interesse.

O escritor inglês Samuel Johnson (1750) dizia que a ”curiosidade é, nas mentes grandes e generosas, a primeira paixão e a última.” Aliás, von Stumm, Hell e Chamorro-Premusic (2011) mostraram que além da inteligência e do esforço, a curiosidade é um terceiro pilar do desempenho académico.

É ainda verdade que as cunhas existem, mas cada vez menos. Não é o teu nome de família, ou conhecimentos que tenhas que pode dar-te o emprego que sonhas, e pelo qual precisas de um curso universitário. As empresas procuram capacidades demostradas e de aprendizagem. E além da tua inteligência e esforço, o estudo que atrás refiro adiciona a curiosidade.

A sugestão está em desenvolver uma mente curiosa, ou “esfomeada” por um desejo de conhecer. Porém, embora a curiosidade seja reconhecida como um importante factor do desempenho académico, importa saber como estimular a nossa curiosidade. Partilho 3 simples passos nessa direcção.

 

Começar pelas questões

Por vezes estamos tão preocupados em encontrar respostas que tendemos a esquecer a importância de desenvolver bem as questões. É a questão que estimula a curiosidade. Podemos estimular a curiosidade perdendo mais tempo a questionar o que gera lacunas no nosso conhecimento.

 

Vencer a inércia com o pouco que sabemos

É difícil estimular a curiosidade quando nada sabemos – no sentido literal do termo. É importante saber algo por pouco que seja. Hoje com o acesso que temos a uma vasta fonte de informação como a Internet, podemos sempre encontrar alguma coisa por onde começar. Depois, quanto mais sabemos, mais desejamos saber e a curiosidade aumenta por si mesma.

 

Comunicar com outros

Quantas vezes ao conversar com alguém que não trabalha na mesma área que nós, por algo que é dito na conversa, vem-nos uma ideia a explorar na nossa área? É muito importante comunicar com os outros, sobretudo com os que estão em áreas diferentes da nossa. A curiosidade por aquilo que outro pensa ou faz pode inspirar-nos.


Questão: és uma pessoa curiosa?


Saber mais

Von Stumm, Sophie, Benedikt Hell, and Tomas Chamorro-Premuzic. “The hungry mind: Intellectual curiosity is the third pillar of academic performance.” Perspectives on Psychological Science 6.6 (2011): 574-588.