Se prestarmos mais atenção ao nosso redor, em vez se vivermos sempre em piloto automático, é possível reduzir o stress, desbloquear a criatividade e melhorar o nosso desempenho. Esta é a experiência de Ellen Langer, professora de psicologia da Universidade de Harvard e a especialista mundial em Atenção Plena.
O que é afinal a Atenção Plena ou Mindfulness?
Segundo Ellen Langer,
”A atenção plena é o processo de reparar activamente em coisas novas. Quando o fazemos, situamo-nos no presente. Tornamo-nos mais sensíveis ao contexto e à verdadeira dimensão das coisas. É a essência do envolvimento. E é um processo que produz energia, em vez de a consumir.”
Tomar consciência disto significa que as regras, procedimentos e objectivos na nossa vida guiam-nos, mas não nos governam. Entre as maiores vantagens da prática da Atenção Plena encontramos:
- que a concentração torna-se mais fácil;
- memorizamos melhor o que fazemos;
- criamos mais;
- aproveitamos melhor as oportunidades;
- evitamos perigos;
- gostamos mais dos outros e de nós próprios, pois, ajuizamos menos;
- e tornamo-nos mais carismáticos.
Quando fazemos as coisas de modo consciente deixamos marca, e pouco ou nada deixamos se fazemos mecanicamente. A Atenção Plena é, acima de tudo, uma tomada de consciência disto mesmo. Talvez os efeitos positivos mais evidentes da atenção plena para lidar com a complexidade da cultura actual seja o modo como nos ajuda a lidar com o stress e no aumento da nossa capacidade de concentração.
Lidar com o stress
O stress não é fruto real do desenrolar da vida, mas da perspectiva que temos dos acontecimentos. Para testar isto existe um simples exercício aplicável à maioria das situações que nos levam ao stress:
- pensa numa situação que pode acontecer e, normalmente, gera stress;
- como ainda não aconteceu, é importante tomar consciência de que o stress gerado só pode ser uma ilusão;
- ainda assim, pensa em 3 razões pelas quais a situação pode não acontecer;
- e a seguir, pensa em 3 razão pelas quais, caso acontecesse, seria vantajoso.
Há situações mais difíceis do que outras, mas orientar a nossa vida aplicando estes quatro passos, permite-nos desenvolver uma Atenção Plena que alarga os nossos horizontes, leva-nos a prestar mais atenção, e as tensões que geram stress acabam por dissipar-se porque a perspectiva que temos sobre elas muda.
Aumentar a concentração
Vivemos numa era em que temos à nossa disposição um quantidade incomensurável de informação e a fontes de distracção são maiores do que nunca. Podemos, inclusivé, pensar que existe, hoje, mais informação do que no passado, mas talvez isso seja uma ilusão. E a ilusão provém das pessoas acreditarem que, pelo facto de terem um acesso sem precendentes na história a uma vasta quantidade de informação, que têm de conhecê-la toda! Por este motivo tendemos a ver as tecnologias de acesso à informação como um obstáculo à nossa atenção. Por um lado é verdade, mas também aí a perspectiva pode mudar.
A Atenção Plena procura constantemente o que é novo. Logo, leva-nos a desenvolver uma mente aberta e flexível, atenta ao que está a fazer e, por isso, mais concentrada, mas não mediante uma ideia fixa daquilo que quer fazer. Caso contrário, arrisca-se a perder oportunidades abertas pela novidade de cada momento presente.
Se aprendemos com o passado e criamos espectativa com o futuro, é no presente que vivemos. Aliás, como o passado não volta mais, e o futuro nada é enquanto não for presente, em rigor, o momento presente é realmente tudo o que temos.
Daí que a vida seja uma sinfonia de momentos, alguns sequenciais, outros em simultâneo, mas se conseguirmos que cada momento conte e traga valor à nossa vida, isso é o que dá relevância a cada coisa que fazemos.
Temos diante de nós uma escolha. Podemos viver atentos, ou ausentes. Se em tudo o que fizermos colocarmos a tónica da Atenção Plena desenvolvendo a arte de notar as coisas novas, o desfecho será um: o êxito.