Se estás numa sala de aula com 50, 100 ou 200 colegas, e procuras aprender alguma coisa, será que todos os cérebros aprendem da mesma maneira? Qual a relação entre o que acontece fisicamente na tua cabeça e o processo de aprendizagem?

A forma como o nosso cérebro funciona é matéria de investigação para muito, muito tempo, mas no ano 2000, o neuro-cientista Eric Kandel vence o Prémio Nobel por ter mostrado que as ligações no nosso cérebro, entre os neurónios, alteram-se quando aprendemos algo de novo. Ou seja, aprender muda – literalmente – a estrutura física do nosso cérebro, algo que eu não fazia a mínima ideia. Isto possui implicações profundas para com o processo de aprendizagem.

 

Uma Proposta

Se os neurónios em cada cérebro se ligam de maneira diferente consoante a forma como cada pessoa aprende, então, seria expectável que nem todos os estudantes aprendessem da mesma maneira. Perante uma turma de estudantes com, aproximadamente, a mesma idade, a variabilidade intelectual pode ser elevada. Logo, numa aula de 100 a 200 alunos, como acontece nas Universidades, isto coloca um sério desafio tanto aos alunos, mas sobretudo ao professor. Se este tivesse um poder especial de ler a mente dos seus alunos, poderia perceber a forma como estimular a aprendizagem em cada um, certo?

Bom, o mais próximo que temos de ler a mente de alguém é usando a Teoria da Mente, ou seja, a capacidade de compreender as motivações interiores de alguém e construir uma teoria que preveja como a sua mente trabalha baseada no conhecimento que possui. Um exemplo prático seria perceber quando os estudantes estão confusos, ou interessados. Assim, as pessoas que possuem uma avançada Teoria da Mente são as que se tornam efectivos comunicadores de informação.

Isto é importante do lado do professor, mas do lado do aluno será possível fazer alguma coisa? Como podemos usar este conhecimento para melhorar o processo de aprendizagem, independentemente de se estar em período de aulas ou não?

A minha proposta é simples: aprende algo de novo todos os dias e escreve algures aquilo que aprendeste.

Se possuis um diário, ou tens acesso a apps como a DayOne, ou a Journey, aproveita para registar o que de novo apreendeste em cada dia. [tweet_box design=”box_04″ float=”none”]Quanto mais aprendemos, mais fácil se torna aprender.[/tweet_box]

 

Um Desafio

Por fim, a nossa capacidade de aprendizagem possui também raízes profundas nos nossos relacionamentos. Logo, o desempenho pode ser afectado pelo ambiente emocional onde a aprendizagem ocorre. Isto significa que melhorar a qualidade da aprendizagem pode depender em parte do relacionamento entre estudante e professor. Como professor, já experimentei como isso é importante. Como aluno que fui, já experimentei como melhorar esse relacionamento pode ser difícil. A único passo que me ocorre é o de aprender a ver o outro com olhos novos e focar naquilo que de novo nos ensina, recomeçando sempre.