Cruzei-me com um estudo que demonstrou como Reflectir é uma ferramenta mais importante na aprendizagem do que parece. Reflectir melhora o teu desempenho na aprendizagem. Logo, por que razão é cansativo reflectir?

Reflectir uma ferramenta de produtividade inesperada

Um aluno partilhou-me um video muito interessante de Derek Muller que faz uma síntese criativa do trabalho de Daniel Kahneman “Pensar Depressa e Devagar”, onde explora como o nosso cérebro funciona, essencialmente, a duas velocidades.

 

Cérebro a duas velocidades

A velocidade rápida associa-se ao raciocínio expedito, às coisas práticas (exemplo, contas de cabeça), por isso, não exige muito esforço para chegar onde pretende. Por outro lado, a velocidade lenta diz respeito ao raciocínio reflexivo, pensar sobre as coisas, não dar tudo por descontado. Logo, exige esforço, gasta energia e o efeito desse esforço demora mais tempo a fazer-se sentir.

De certeza que faz a experiências destas duas velocidades quando estás numa aula, conferência ou palestra para aprender alguma coisa. Quando falam sobre um gráfico, observas por ti mesmo e compreendes logo o que a pessoa te transmite. Mas quando a pessoa faz uma interpretação do gráfico, ou seja, quais as implicações daquele resultado para o avanço do conhecimento e em que sentido… bom, tens de pensar. Reflectir. Custa mais.

 

Reflectir melhora o desempenho

Reflectir é a tentativa intencional de sintetizar, conceptualizar e articular lições chave ensinadas pela experiência. Esta é a forma como um grupo de investigadores de diferentes universidades definiu o acto de reflectir. No seu artigo mostram como reflectir melhora o desempenho no processo da aprendizagem e os resultados podem sintetizar-se em três pontos-chave.

  1. Aprender pela experiência directa pode ser mais efectivo se juntarmos a reflexão
  2. Reflectir sobre o que se aprende torna a experiência mais produtiva
  3. Reflectir faz crescer em nós a confiança na capacidade de atingir os nossos objectivos

Se reflectir é importante para melhorar a forma de aprender e se é uma capacidade que exige trabalho (não é inata), então, significa que a podemos treinar. Nesse sentido, queria partilhar-te 2 momentos que podes usar durante o dia para treinares a capacidade de refelxão, sem tirar tempo a qualquer outro empenho.

 

Momentos de aborrecimento

Pensa das filas de atendimento no supermercado, ou serviços públicos. Pensa nas salas de espera para seres atendido por um médico ou outro serviço. Pensa nos tempos que passas numa paragem de autocarro à espera que chegue. Tudo momentos em que a primeira coisa que hoje se faz é… tirar o smartphone e passar o tempo com distracções que em demasia não são positivas para o nosso cérebro.

Estes momentos podem ser excelentes para reflectir. Pode ser sobre o próximo trabalho que estás a preparar, ou a próxima lição de uma matéria que gostasse mais… ou menos. Pode ser sobre um livro que estás a ler, ou um filme que te interpelou.

 

Momentos de caminhada

Caminhar faz bem à actividade cerebral. Logo, o que fazes enquanto caminhas? Pensas. Certo? As caminhadas, como os momentos de aborrecimento, podem ser aproveitadas para realizar meditações produtivas. Um conceito de Cal Newport define como

“…tomar um período de tempo em que estás ocupado fisicamente, mas não mentalmente – caminhar, jogging, conduzir, tomar duche – e focar a atenção num só problema profissional bem definido.”

Não há nada como experimentar.


Questão: qual a tua maior dificuldade quando tentas reflectir?